FMF interdita estádio do Tricordiano após ameaça de morte do presidente
Federação publicou ofício nesta terça-feira anunciando o fechamento do Elias Arbex por tempo indeterminado
Após a divulgação da súmula do jogo entre Tricordiano e Tupi-MG, a Federação Mineira de Futebol (FMF) puniu o clube de Três Corações com o fechamento do Estádio Elias Arbex, na cidade do Sul de Minas Gerais, para jogos oficiais de todas as categorias. A medida foi feita de acordo com o artigo 22 do regulamento do Campeonato Mineiro, que diz que um estádio pode ser fechado em caso de "algum episódio de violência ou falhas graves na estrutura”.
A derrota por 1 a 0 do Tricordiano para o Tupi-MG, no último sábado, foi marcada por vários incidentes durante e após a partida, conforme relato do árbitro Gabriel Murta Barbosa Maciel. Na súmula do jogoconstam diversas ofensas, invasão do gramado por pessoas ligadas ao clude de Três Corações e até mesmo uma ameaça de morte.
No documento, encaminhado para o Tribunal de Justiça Desportiva, Murta conta que o presidente do Tricordiano, Gustavo Vinagre, teria ofendido o juiz e feito a ameaça. “Você acha que vai vim aqui e fazer resultado? Eu vou te matar! Eu sou bandido! Vou encher seu carro de bala! Você não sai daqui hoje! Você veio fazer resultado para a Federação. Você conseguiu tudo que você queria seu safado, ladrão!”, relatou Murta na súmula. O Tricordiano ainda pode receber punição mais pesada do Tribunal de Justiça Desportiva de Minas Gerais (TJD-MG). A súmula do jogo será enviada à Justiça, que avaliará o caso.
A Federação baseou a decisou nas seguintes pontos descritos na súmula: "(a) o arremesso de objetos no campo e em representantes da FMF; (b) cusparadas em representantes da equipe visitante; (c) invasões de campo; (d) danificação e arrombamento da porta do vestiário dos árbitros que, segundo relatado, não oferece plenas condições de segurança; (e) gramado em condições inadequadas; (f) invasão da sala de arrecadação por parte de torcedores do clube mandante, o que evidencia sua fragilidade; além de inúmeras (g) ameaças, tentativas de agressão e incitação à violência."
E qualificou a denúncia no artigo 22 do regulamento do Campeonato Mineiro, que diz que "o estádio poderá ser inabilitado, ainda, na hipótese de, na súmula, ser registrado algum episódio de violência, distúrbio ou falhas graves na estrutura do estádio."
Consequências da punição
De acordo com o ofício, o estádio ficará interditado por tempo indeterminado, até que uma nova decisão seja publicada pelo Departamento de Competições (DCO). Apesar do clube não ter mais jogos em casa no Estadual, a punição vale também para a disputa das categorias de base, ou seja, o Tricordiano não poderá disputar as categorias Sub-15, Sub-17 e Sub-20 do Mineiro no Elias Arbex.
O documento ainda estabelece a Arena do Jacaré, em Sete Lagoas, como local para os jogos com mando da equipe de Três Corações, sendo que o clube pode sempre mudar de lugar, desde que comunique com 10 dias de antecedência.
Clube deve recorrer
Por telefone, em contato com a reportagem nesta segunda-feira (5), Gustavo Vinagre disse que preferia não comentar os relatos de Gabriel Murta. Já o diretor de futebol do clube, Rachid Gabdem, falou sobre a súmula, mas disse que não estava perto quando as ameaças teriam sido feitas. Ainda segundo o dirigente, ele não invadiu o gramado para ofender o juiz, mas para retirar seus atletas que "queriam cobrar do árbitro uma penalidade clara não marcada". Gabdem ainda negou ter dirigido palavrões ao juiz. Sobre o não pagamento da taxa de arbitragem, o diretor disse não ter conhecimento sobre o fato.
- Isto quem tem que dizer é a presidência, que ficou responsável por esta parte. Como eu já disse, estava conversando com os jogadores nesta hora. Mas se realmente ficamos sem pagar, não vai ser o primeiro nem o último time, e vamos ter que pagar depois, como é o normal.
Já sobre a interdição do estádio, Gabdem disse nesta terça-feira que não caberia a ele comentar o assunto, já que ele fica responsável somente pela categoria profissional do time, mas que o clube deve analisar as medidas cabíveis e recorrer da decisão. Já Gustavo Vinagre não foi encontrado para comentar o caso.